8 de outubro: greve internacional de entregadores

Quarta, 07 Outubro 2020 19:46

8 de outubro: greve internacional de entregadores

Neste 8 de outubro se realiza a quarta greve internacional dos trabalhadores de entregas. Esta nova greve nos coloca diante de tarefas importantes para desenvolver frente ao avanço da crise em nível internacional que submete a classe trabalhadora e na qual os capitalistas pretendem que sejamos nós, os trabalhadores, que paguemos os custos da crise que eles geraram. Os entregadores têm sido um dos setores, nos quais as linhas imperialistas de exploração e precarização tem se aprofundado cada vez mais.

No último período, estão sendo discutidos em alguns países “projetos de lei” que outorgariam alguns direitos como trabalhadores, mas que de nenhuma maneira solucionam o problema de fundo, já que em nenhum caso esses patrões imperialistas estão dispostos, através de leis, a reconhecer nenhum direito e muito menos esclarecer a relação de trabalho encoberta que existe e, ainda mais longe, de reconhecer algum tipo de organização sindical. Geralmente, mediante o lobby, essas empresas obtêm as leis para legalizar a precarização. Isso se passa na Califórnia, por exemplo, onde, neste 8, se discute retroceder com a emenda AB5 que obrigava (sob certas condições) as empresas a reconhecer como trabalhadores os que eram contratados de forma independente. Algumas organizações que convocaram a greve estão priorizando a defesa da emenda diante do debate de anulá-la. Claro que há que se rechaçar, inclusive maiores avanços destes patrões, porém acreditamos que é um erro colocar como exemplo a defesa de uma lei, gerando expectativas na legalidade burguesa. Nos EUA, é a disfarçada orientação demagógica do Partido Democrata da Califórnia, no marco da disputa eleitoral com Trump. A tarefa colocada é construir a organização internacional de entregadores, que lute para impor aos patrões o reconhecimento irrestrito dos trabalhadores e sindicatos em todos os países que encabeçam esta luta. É fundamental desenvolver uma luta contra os próprios estados, que são cúmplices destas empresas, e desmascarar qual é o seu verdadeiro papel.

Esta greve conta com a participação de trabalhadores de países como Chile, Equador, Venezuela, Colômbia, Argentina, Brasil, México, EUA, Costa Rica, França Itália, Espanha e Alemanha. Em alguns destes países, vem se desenvolvendo diferentes conflitos, nos quais ocorreram confrontos com a polícia, o exército e a juventude e nos quais a classe trabalhadora se levantou para enfrentar os avanços das políticas imperialistas que pretendem nos submeter ainda mais diante da possibilidade de que seus ganhos sejam afetados. Em todas as partes do mundo, a política das empresas é a mesma, maior exploração e péssimas condições de trabalho. Por isso, é fundamental desenvolver tarefas anti-imperialistas, costurar alianças em todo o mundo entre os trabalhadores de entrega e pensar ações e métodos operários de luta que tendam a questionar a propriedade destas empresas como, por exemplo, paralisar e bloquear seus galpões próprios, entre outras medidas.

Basta de precarização trabalhista! Por um sindicato de trabalhadores de entrega!

Um elemento importante é a recente saída da Glovo dos países da América Latina, deixando milhares de trabalhadores sem fonte de trabalho, sob uma falsa promessa de incorporação em outras empresas de entrega. É importante aprofundar a luta e desmascarar que são demissões encobertas!

Na Argentina, no último período, vem se desenvolvendo um debate no seio da organização de entregadores relacionado a uma ideia estatista na qual, mediante a pressão ao estado, se poderia impor o reconhecimento como trabalhadores aos patrões.

De forma semelhante, no Brasil, a disputa pela regulação estatal dos entregadores de apps pelos partidos burgueses no parlamento e nos programas de governo para as eleições municipais buscam cooptar o movimento dos trabalhadores de apps para as instituições da democracia burguesa. Foi o que fez o PSOL na última greve dos entregadores, em 15 de setembro, agendando reunião dos líderes do movimento com Rodrigo Maia, na Câmara dos Deputados. Essa adaptação tem contribuído para diminuir a adesão às grandes paralisações, isolando os entregadores em protestos mais pontuais, como o realizado na Rappi por conta do calote de R$100, no condomínio de luxo do cliente que humilhou o entregador ou em Campinas pela morte de um entregador num acidente causado pela ausência de sinalização de uma obra na pista. É importante pontuar que, apenas em São Paulo, o número de mortes de motociclistas aumentou 38% durante a pandemia, apesar da diminuição do índice geral de acidentes.

No mesmo sentido, no Chile, uma recente decisão dos tribunais de justiça de primeira instância resolveu a favor de um trabalhador demitido pela Rappi, reconhecendo de fato a existência de uma relação trabalhista, declarando a demissão como injustificada. A CUT do Chile, além de assinalar esta decisão como a via de solução para os trabalhadores de entrega, chama a apoiar os projetos no congresso, tal como “meu chefe é uma app” que busca a regulamentação estatal da relação trabalhista e a organização sindical, enquanto os abusos, as extensas jornadas e os acidentes de trabalho se sucedem diariamente.

Queremos advertir sobre os perigos destas linhas que semeiam a confiança de que, mediante um projeto de lei e a intervenção dos deputados, consigamos nossas reivindicações. Esta ideia deixa os trabalhadores de entrega desarmados para poder desenvolver uma linha que afete realmente as empresas. A única forma de impor o reconhecimento da relação trabalhista aos patrões será afetando a produção e impondo a organização sindical geral do ramo, com independência do estado. O estado e suas instituições não são nossos aliados, são aliados das empresas e por isso é que não podemos confiar neles. É importante desenvolver a organização dos trabalhadores mediante assembleias por zona, elegendo delegados ou representantes sindicais, para pensar ações concretas que afetem estes patrões.

As tarefas que temos pela frente são fortalecer a organização em prol de construir uma organização sindical dos trabalhadores de entrega e dar batalha pelo reconhecimento como trabalhadores de transporte pela construção de um acordo único. Hoje, mais do que nunca, retomemos as bandeiras do proletariado que começa a se levantar em todo o mundo e desenvolvamos uma luta comum contra os nossos inimigos de classe.

 

 LOI Brasil - COR Chile - COR Argentina

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