No início de junho, estudantes universitários cubanos iniciaram um plano de luta em protesto contra o aumento das tarifas de acesso à internet móvel na ilha. Em sua declaração, argumentaram que essas medidas prejudicam a justiça social e ampliam as desigualdades sociais ao limitar o direito à comunicação, um recurso essencial para estudantes e professores. É importante que os setores estudantis que lutam em todo o continente contra as medidas de austeridade de seus governos levantem sua solidariedade a eles.
Essa luta expressa o enorme descontentamento em Cuba diante de uma tendência decadente do regime, que o governo Díaz-Canel não consegue reverter. Desde 11 de julho de 2021, data considerada um ponto de ruptura entre um setor de massas da sociedade cubana e o regime do governo, a agitação social e a miséria não pararam de crescer. A raiz desses movimentos reside no declínio das condições de vida da grande maioria dos trabalhadores cubanos. A única resposta de Díaz-Canel é uma linha dura de repressão aos protestos. A direção contrarrevolucionária à frente do governo não consegue encontrar uma linha "amigável" para assimilar a economia cubana ao decadente sistema imperialista. Somam-se, à decadência do imperialismo, a desordem gerada pela pandemia e a falta de clareza sobre a linha do imperialismo em relação a Cuba. E, internamente, acentua-se as tendências ao caos capitalista pela debilidade da capacidade de governar da burocracia estatal, ainda mais exacerbada pela própria fragilidade da estrutura econômica da ilha. A decomposição imperialista dificulta a assimilação, agravando esta mesma decomposição, bem como a tendência ao confronto entre as forças sociais.
Em 2025, a tendência para uma guerra generalizada ou uma nova guerra mundial se intensificam. Esta guerra não se assemelhará às duas guerras mundiais anteriores, já que nos encontramos em uma fase de decomposição do imperialismo, e a pilhagem seria uma questão de definir como se integrariam os ex-Estados operários em processo de assimilação. Nesse cenário, Cuba encontra-se vulnerável para ser arrastada para a conflagração, gerando ainda mais dificuldades para a classe trabalhadora cubana.
A intervenção do proletariado de toda a América é urgente.
É importante desenvolver a solidariedade internacional com os trabalhadores cubanos contra a repressão, pela liberdade dos presos políticos e contra o bloqueio ianque. No entanto, nós, revolucionários, devemos ser categóricos em nossa defesa de que as forças que se confrontam em Cuba transcendem as fronteiras nacionais e se resolvem na arena mundial. Não se trata de desenvolver um programa democrático para levar as demandas das massas a uma solução do Estado (nacional) com reformas mais ou menos "radicais"; trata-se de regenerar os fundamentos da revolução cubana, com sua extensão à região e a instauração de uma ditadura do proletariado sob direção revolucionária.
Em um cenário que caminha cada vez mais para a guerra, a classe operária deve estar consciente de que o confronto é entre revolução e contrarrevolução. Para colaborar na tarefa de estabelecer uma direção revolucionária capaz de enfrentar os direções imperialistas e a burocracia do Partido Comunista em Cuba, é necessária a intervenção do proletariado dos Estados Unidos, América Latina e Caribe. A luta pela ditadura do proletariado não pode ser realizada dentro das estreitas fronteiras de nenhum país americano; ao contrário, ela assume sua forma política na Federação das Repúblicas Socialistas das Américas.
Para realizar essa tarefa, os revolucionários devem lutar dentro dos sindicatos para que a classe operária atue com objetivos claros: Abaixo o bloqueio imperialista! O desenvolvimento da luta da classe operária nos Estados Unidos, tanto a nativa quanto a migrante, está inextricavelmente ligado à luta contra a orientação belicista do imperialismo para tentar resolver sua decadência histórica,da qual o bloqueio a Cuba e as ameaças militares fazem parte. Devemos aprofundar o programa internacionalista de nossa classe no desenvolvimento da organização e das ações para enfrentar a política de Trump de criminalização, perseguição e expulsão dos trabalhadores migrantes e o derrotismo da ação imperialista em relação a Cuba. Acima de tudo, nos Estados Unidos, devemos impor a abertura comercial com a ilha, usando nossos métodos: a ocupação sob controle operário de portos, armazéns e fábricas, a tomada do controle de frotas mercantes e a expropriação de mercadorias para enviar a Cuba - os hidrocarbonetos, alimentos, medicamentos e vacinas - os quais os trabalhadores e a população pobre necessitam. Não à intervenção militar imperialista! Ao menor sinal de ameaça de intervenção militar, devemos impor uma greve nos Estados Unidos e a paralisação e ocupação de todas as empresas de capital ianque na região. Abaixo a repressão da burocracia do PCC, liberdade para os presos! Devemos forçar os sindicatos latino-americanos e norte-americanos a se manifestarem pela liberdade dos lutadores.
Dessa forma, nós da TRQI, propomos organizar uma Conferência Internacional das correntes que defendem a ditadura do proletariado, para debater a política, as táticas e o programa para intervir na situação atual com o objetivo de estabelecer uma direção revolucionária em nível mundial — isto é, a reconstrução da Quarta Internacional.